segunda-feira, 28 de abril de 2008

Um Flâneur no Centro de São Paulo: A Virada Cultural


Atemporalidade.


Como disse meu amigo que me acompanhou pela Virada Cultural, essa é a palavra que define o evento.


Saindo da estação Sé do metrô por volta das 19:10 da noite de Sábado, dia 26/04, observo algo que até então estava fora de meu Hall de imagens mentais: O Centro de São Paulo à noite. As luzes, o ar suave de outono, as pessoas circulando, o som da movimentação. Um prato cheio para a percepção.


Movimentando-se pelas ruas encontramos pessoas de todas as tribos e faixas etárias, unidas com um único propósito, o de apreciar Arte.


Começamos o roteiro atrasados. Pretendíamos assistir o show do Mundo Livre S.A, banda que mistura Rock com Maracatu, porém chegamos no final da apresentação e apreciamos apenas uma música. Uma pena.


Mas sem problemas, a Virada acabou de começar e todos ainda estão no aquecimento para as próximas atrações.


Olhamos o guia e o mapa. Para onde ir?


Acabamos escolhendo uma pista de música eletrônica na rua XV de Novembro. Ao chegarmos, uma cena inusitada: alguns garis dançam junto com a massa de pessoas. Ouvimos o som da Rave Urbana ao mesmo tempo que observamos a estrutura do espetáculo. Uma haste de aço na horizontal, entre dois prédios, comporta uma bolha de plástico que abriga o Dj, e que se locomove de um lado para o outro. As luzes coloridas dão o tom perfeito para o ambiente proporcionado pela música.


Entre uma atração e outra, andarilhamos pelas ruas. A circulação das pessoas é hipnotizante e belíssima, juntamente com a iluminação da fabulosa arquitetura do centro, que nos deixa sem mais o que dizer além de algumas exclamações do tipo: "Caralho, que coisa foda!!!". Creio que quando aprecio algo tão lindo que não consigo expressar com palavras, não me resta nada além de dizer uma porção de palavrões.


Nos dirigimos ao palco do Instrumental Brasileiro. Apreciamos um quarteto com Heraldo do Monte na guitarra, que simplesmente "frita" tudo no palco, tocando um Jazz soberbo e que delicia nossos ouvidos. Boquiabertos ficamos.


Em seguida, uma intervenção cênica do grupo teatral Générik Vapéur, que honra sua origem francesa em termos de "Happening" artístico. Basicamente, uma banda composta por Baixo, Guitarra e Bateria faz um som de primeira em cima de um caminhão velho. Na frente do veículo, o restante dos integrantes do grupo faz uma performance com latões e pirotecnia, seguindo o ritmo proporcionado pela banda. Tudo isso circulando pelas ruas, desde a galeria Olido até a Praça do Patriarca, com todas as pessoas seguindo o ato e se acotovelando para ter uma visão melhor. Me senti na Paris dos anos 60.

Detalhe: os integrantes do grupo estavam todos com as caras pintadas de azul.

No final do ato, na Praça do Patriarca, o grupo derrubou uma pilha de latões ao som de uma música feroz. Fascinante!!!


Andando em direção ao Municipal para sentarmos um pouco e escolhermos a próxima atração, observamos um homem de pernas de pau passando de um prédio para o outro por uma corda.

No caminho encontramos rodas de Samba feitas pelos próprios espectadores da Virada; Dançarinos em cima de prédios; Telões com exibição constante de Curtas-metragem. Sentamos na escadaria do Teatro. Parece que para onde olhamos, vemos coisas interessantes. Um absurdo!!! Ficamos desnorteados com tanta coisa para ser apreciada.


Marchamos em direção ao mosteiro de São Bento. Uma atração inusitada nos atrai para lá: balada a céu aberto, com fones de ouvido. Esperamos na fila por cerca de 40 minutos, observando as pessoas dançando freneticamente com os fones, ao som de músicas que nós, espectadores da balada, não podemos reconhecer. As exclamações nos deixam animados. Chega a nossa vez. Entramos e recebemos nossos fones. Embaixo de uma tenda, o Dj holandês se comunica conosco em um português carregado de sotaque, nos avisando que a atração vai começar. No repertório, Eletrônico, Bob Marley, Rock, Ska...de tudo. O som dos fones é excelente, num volume não muito alto mas que ao mesmo tempo não permite a passagem de ruídos de fora. Quando se queria trocar uma idéia, bastava tirar o fone e conversar normalmente, sem precisar gritar no ouvido da pessoa como nas baladas convencionais. Uma concepção totalmente diferente de diversão.


Por volta de 2 da manhã, cansados pela maratona de eventos, fazemos uma parada no Café Girondino, para comer algo e tomar uma cerveja. O clima parisiense do ambiente é inebriante. Todos lá presentes fazendo uma pausa, enquanto trocam experiências do evento e opiniões.


Corremos para a Avenida São João, ao palco principal do evento, para conseguirmos pegar o show dos Mutantes às 3. O local está abarrotado de gente!!! Mesmo com todos os acotovelamentos, tudo vale a pena: presenciar o Rock psicodélico da banda me deixa emocionado. Quase choro ao ouvir "Balada do Louco" e canto a letra a plenos pulmões. Inesquecível...


4 e meia da manhã. Exaustos, andamos pelo centro. Uma cama é tudo que quero. Pegamos o metrô por volta das 5. Desço a rua de casa relembrando a noite e apreciando o ar limpo da madrugada. Perfeito!!!


Atemporalidade.


O clima da Virada e do centro da cidade criou uma atmosfera de "à parte do resto do mundo". Parecia que o tempo não andava, num espaço específico onde todos caminhavam fascinados pelas atrações. Sensacional!!!




8 comentários:

Anônimo disse...

déé que legal o seu post! juro que to pasma com a sua escrita, ficou demais.. até me senti na virada assim haha e vc sabe como eu adorei esse negocio de balada silenciosa haha!! um dia quer ir tbm ;)
bjusss

Anônimo disse...

Vlw Fláááá!!!!!!
bjossssss

Anônimo disse...

milton, thanks for dropping by rhodia. are you a rhodia collector yourself? -- rhodiadriver

Anônimo disse...

iae andré!!
muito legal seu post!
bateu até um arrependimento de num ter ido na virada hehe

ainda não li os outros posts mais pelo que vi gostei muito!
abraço

Anônimo disse...

Vlw por ter entrado Tara e pelo comentário...apareça mais por ai
abraços

Anônimo disse...

eu trabalhava na frente do Café Girondino e toda vez que eu tinha um "problema estomacal" ia até la.........adorava....sentava, relaxava e ainda escutava uma música clássica, único lugar do mundo que acontece isso

Anônimo disse...

Aquele lugar é genial!!!

Anônimo disse...

Quando eu trabalhava, muitas vezes eu deixei de almoçar só para comer um pedaço de uma daquelas tortas doces do balcão.

Era um pedaço de torta Paola e um café. Delícia!