domingo, 14 de dezembro de 2008

Dedicado ao Caos

Olhos confusos
vacilam.
Constroem o real
a partir de reflexos.

Mar;
Fogueiras;
Estrelas;
Bochechas;
Pés descalços;
Lâmpadas;
Lua;
Dourado de Crepúsculo;
Nuvens;
Relva;
Tijolos;
Botões de Girassol.

Portal incerto.
Decerto questiona
o mundo soberbo.

Caos:
As danças do ar
de encontro ao ser.

Para que a sóbria Razão,
quando se tem
a embriagada Visão?

O presente eterno
que cimenta o sentido
de passado e futuro.

Saltos diversos do globo que filtra a alma.
Restam cores
em movimento:
Caos.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Coros e cantos

E enquanto houver prosa, existiremos. Cantaremos pelo vinho, pelos amores, pelas saudades...pelo sol refletido nas águas e pelos tons quentes de fim de tarde. Dançaremos ao redor das fogueiras de sensações. Abraçaremos o vento que revigora a alma. Beijaremos lábios de arrepios e encontros. Escutaremos os estalos da música que roda em nossas mentes. Enxergaremos redemoinhos que percorrem o corpo. Dormiremos em macios recantos de torpor.

As notas vibram e o universo gira com suas cores, sons, cheiros, gostos, experiências. E a prosa permanece. Em folhas amareladas e gastas, sonhando e temendo pelo futuro e relembrando o passado de melancolias e felicidades.

Percorre...percorre...E os coros continuam, de pessoas envoltas por problemas e prazeres. E a lua lá está, sempre observando atenta o ritmo de nossos tambores, os sorrisos e os movimentos libertários. Não importa começo ou fim. A expressão lá sempre está, não morre. Caminha sobre gramados, terra, cimento, areia, barro. Carregando consigo o respirar, e os suspiros de satisfação.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Realização

Os tempos cessaram.
O calor agora aquietou-se
nas entrelinhas do passado,
de corações ávidos e repletos de realização
que se transportou às profundezas da arca da mente.

Quem disser que no exterior
restaram apenas as lágrimas,
não compreende que o que passou
é belo e transcendente
justamente porque é passado.

A afinação de um momento
dura enquanto é eterna.
Mas quando chega o passado,
os instantes megulham no mar das sensações,
afundam,
Encontrando-se com seus semelhantes
de outras significações mas de valor igualmente grandioso.

Transparece uma certeza:
recuperar é impossível
e reconstruir é complexo.

Lamentações são improdutivas.
Carecem de caráter criativo.
Prendem-se a concepções de um instante que já mergulhou.

A beleza do que passou
já não é mais momento,
e sim certeza.

Certeza de realização.

Veracidade

Um mergulho profundo na consciência
o despertou de pesadelos terríveis:
encontrara a veracidade proporcionada pela experiência.

-Fuja! Fuja! - gritava o servo acorrentado
-Tua libertação encontra-se nos atos que não observas.
A beleza e plasticidade de teus devaneios foram massacradas pela efemeridade e pragmatismo dos homens engravatados.

-Teus olhos não enganam:
És aquele que questiona a banalidade e a sobriedade da existência patética.
Fuja enquanto há tempo!
Tua consciência ainda clama pela chama da síntese.

-Tu és o amigo dos sonhos e canta pela simplicidade da grande viagem.
És o companheiro do ar, o elixir do processo.
Encontre-se com os sentidos e não chore pelos absurdos do passado,
apenas sinta-os.