domingo, 13 de abril de 2008

Un Flâneur à São Paulo: A Avenida Paulista


Andar pela Paulista é uma questão de rotina para mim. Pelo menos duas vezes por semana estou por lá, seja para fazer alguma coisa ou apenas para andarilhar. Se tornou uma coisa tão intrínseca ao meu cotidiano, que acho que não conseguiria ficar tanto tempo sem dar uma passada.


Esse mundo paralelo é repleto de vivências diversificadas. Basta sentar na escadaria da Gazeta por meia hora e você verá de tudo. Pessoas passam por ali, milhares de pessoas, cada uma delas absorta nos seus pensamentos, seus objetivos, seus problemas. É extraordinariamente poético observar a movimentação. De vez em quando aparece um mendigo conversando sozinho (provavelmente ele entendeu algum mistério do universo e nós o tachamos de louco). Logo em seguida observamos homens de negócios passando, discutindo a economia global e as implicações da crise americana das hipotecas sobre os lucros das empresas brasileiras. Paradoxos da Avenida. Convivências tão diferentes, juntas no mesmo espaço.


Se andarilharmos e continuarmos observando, podemos encontrar estudantes discutindo o cinema contemporâneo e sua influência sobre o mundo artístico. Ao mesmo tempo vemos camelôs vendendo filmes que nem no cinema estrearam. O dinamismo realmente rege o mundo moderno.


Botecos, bares e restaurantes dos mais diversos tipos abarcam diferentes "tribos", sedentas por uma pausa no cotidiano para discutirem seja lá o que for.


Punks, Hippies vendendo seu artesanato, Andinos vendendo cds de música étnica de seu país de origem, músicos amadores demonstrando sua arte. Na Paulista encontramos desde um dono de sebo que conversa sobre a Literatura maldita e subversiva, até um tocador de sanfona que tem em seu repertório composições de Bach.


E o trânsito!!!

Trata-se simplesmente de uma metáfora daquilo que seria o caos. Xingamentos, Buzinas, Apitos de guardas, Ônibus com seus motores barulhentos e enchendo a camada de ozônio de CO2. Todos tentando de alguma maneira atingir um objetivo final, seja ele chegar em casa para descansar, chegar no trabalho ou simplesmente sair da avenida.


Num comprimento de creio eu, 4 km, encontramos: Hospitais; o maior museu da América Latina; Um antro de mata atlântica no meio da poluição (parque Trianon); Cinemas que exibem desde produções hollywoodianas até sétima arte asiática que trata de questões existenciais que nunca imaginamos que poderiam existir; Bancos; Prédios de negócios; Pessoas tentando ganhar o pão de cada dia; Restaurantes chiques e botecos absurdamente sujos; Rádios e Faculdades; Comércio de todo o tipo; Escolas; Livrarias e Sebos. Mas o mais importante: na Paulista encontramos Vida. Vida num fluxo contínuo e que nos cerca toda vez que passamos por lá, mesmo que não percebamos. E essa é a parte mais linda de observar: Contemplar a vida passando diante de seus olhos.
André Flâneur

10 comentários:

Anônimo disse...

olha, um adepto do people watching =)
Observar as pessoas é algo interessantissimo.. sou daquelas loucas que adora ficar vendo gente de longe, reparando nos gestos e cacoetes e afins... coisa meio stalker assim.
E a Paulista é um puta lugar... gostaria de ir mais pra lá. Especialmente de noite [adoro andar na rua de noite, não sei pq, me sinto tão bem.. e estranhamente mais segura do que de dia o.o].

Anônimo disse...

Digamos que people watching é um tipo de antropologia aplicada.Haha

Também me sinto muito bem andando a noite...a serenidade das ruas me traz um tipo de paz interior. Talvez a iluminação tem alguma coisa a ver com isso.

Anônimo disse...

André
parabéns pela iniciativa e pela qualidade dos seus textos, que demonstram o seu poder de observação e a sua sensibilidade aguçada.

O "papi" tem razão de ser coruja...

Um grande abraço

Nilson

Anônimo disse...

Nilson,
Obrigado pelos elogios, apareça sempre por aqui quando der.

Grande Abraço

Unknown disse...

Parabéns pelo Blog .

Sou seu fã .

Abraço,

Flá .

Outra coisa : Vai Corinthians !!!!!!!

Anônimo disse...

Vlw flááá

L-A. Pandini disse...

Oi, André. Seu pai me falou do seu blog e vim aqui para conhecer. Muito legal, com bons textos, bem escritos e interessantes. Vou recomendar.

Fiz jornalismo na Cásper Líbero e sei bem o que você quis dizer com "ficar sentado nas escadarias da Gazeta"...

Um grande abraço,

Luiz Alberto Pandini
(www.pandinigp.blogspot.com)

Anônimo disse...

Valeu pelos elogios Pandini...apareça mais por aqui quando der.

Você gostou da Cásper?
Vou prestar jornalismo lá e na USP...dicas sobre a faculdade são sempre bem vindas.

Grande Abraço

Mary disse...

Tenho a felicidade de morar bem pertinho da Paulista - aqui na Manuel da Nóbrega -.
Também adoro passear pela mais paulista das avenidas. Às quartas e sábados subo para ir ao cinema - normalmente o da Reserva Cultural, tomo um cafezinho, vou até a Consolação e retorno pela Alameda Santos. As pessoas são diferentes nesses dois dias. Nos demais, menos aos domingos, paro para observar tudo, principalmente as pessoas, antes da 10 ou depois das 18. Viva a Paulista. Viva São Paulo

Anônimo disse...

Não há outro lugar na cidade em que eu vá no cinema que não seja a Paulista. especialmente pq os tipos de filme que gosto normalmente estão naquele circuito de salas de cinema. E nada como tomar uma cerveja pela região da augusta, jogando conversa fora e observando a movimentação. Ritual que pretendo manter por mto tempo em minha vida.

Obrigado pelo comentário, Mary. Como chegou até aqui?

até mais.